quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

100 Conquistas, Sem Vitórias para a Arte Conquistense! CLAP! CLAP! CLAP!

Mais uma flor colhida no jardim da cidade das rosas. Jardim este que acaba perdendo sua fertilidade com tantas flores colhidas ao longo de 162 anos de existência. Aliás, as últimas flores são de plástico, colhidas por mera formalidade sagaz dos seus filhos mais ilustres, conhecidos ou desconhecidos.
Gostaria de ter muitos motivos para aplaudir de viva voz, a nossa cidade catingueira, mas existem tantos tropeços nesse percurso que não valem exaltações de contentamento.
Analisemos, pois, a arte conquistense nos últimos anos. O que ocorreu de marcante? Que grupos ou artistas têm resistido com dignidade, sem a devida atenção e apoio do poder público ou empresariado local?
De certa maneira a cidade mudou, conseguiu algumas conquistas noutros setores que nem precisamos mencionar, pois os outdoors já o fizeram. E nem adianta “tapar o sol com a peneira” ou tentar fingir que não se tem “culpa no cartório”, no cenário artístico cultural da cidade. Seria mais digno e verdadeiro colocar a “carapuça” e assumir a culpa de não ter feito nada para difundir e desmistificar a arte para a população, que tão carente de arte verdadeira, freqüenta e lota shows de pagode ou similares como única opção de lazer na cidade.
Onde estão os artistas da cidade? Observe se algum consegue projetar seu trabalho estendendo à comunidade, fazendo-a ver que arte não é mera catarse e sim a possibilidade de reflexão e mudança? Quem realmente faz um trabalho sério ou comprometido com a verdade? E quem consegue sobreviver sem apoio algum?
Parabéns para os políticos que continuam com a demagogia costumeira e com o sorriso mais amarelo possível. E quando o artista se mostra, dizendo ou questionando a realidade é vetado nos projetos que ainda são promovidos na cidade. È a velha retaliação política tão suja e tão antiga para um governo tão decente. Fiquem sabendo que a opinião pública é livre e ninguém vai calar minha voz. O que falta nesta cidade? (...)
Dou até meus punhos para colocarem as algemas da hipocrisia e desrespeito com que tratam os artistas na cidade das rosas.
Aliás, o artista é mero objeto de decoração de festas, não faz nada da vida, a não ser remexer a bunda freneticamente, cantar umas musiquinhas populares ou declamar uns textinhos para alegrar a corte e o povo que anseia por PÃO E CIRCO como na Roma Imperial. Que progresso, hein?!
E o bolo com quem fica? Com quem tem o poder de fazer algo e não faz. Com o empresariado que pouco aparece ou incentiva atitudes artísticas locais. Com os políticos que juram ser os representantes do povo e continuam não fazendo nada pela arte conquistense. E fica também com a população que, apática, não critica e nem busca seus direitos, acostumando-se com esta lavagem cerebral de possibilidades e mudanças que nunca chegam, onde para a arte pouco se fez ou nada se faz.
Enquanto isso, aqueles que não vendem a sua conduta estão batalhando, estudando para levar uma arte transformadora a quem precisa, mesmo sem apoio de outrem.
Um exemplo disso é o projeto ASSIM SE IMPROVISA promovido por artistas sérios que trabalham em prol de uma arte que não é comercial, mercenária ou panfletária. Esse projeto
(feito sem apoio algum!) acontece todos os sábados no ANEXO II, uma salinha “apertada” do Centro de Cultura, na qual neste último dia 09 (em pleno feriado de aniversário) teve um público de oitenta pessoas.

Parabéns, Conquista!
Só me resta agora um brinde!
O bolo está partido. A quem for merecido, sirva-se!
Desse aniversário só quero uma coisa: RESPEITO.


Marcelo Benigno é ator, diretor, graduando em Artes Cênicas pela UFBA e professor de teatro da Fundação Cidade Mãe, em Salvador.

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