terça-feira, 13 de novembro de 2012

Hemp


Cinema e História

Em Di Cavalcanti (1977), Glauber Rocha numa homenagem a um “ícone representante da pintura vanguarda no Brasil”, como define Emiliano Augusto Cavalcanti, propõe uma estética de documentário curta-metragem de perspectivas críticas dissonantes, que incitam sentimentos diversos durante a exibição, proporcionado, sobretudo, pelo legado deixado como obra, numa mistura com a poesia e a música brasileira, acrescentando as ideias cinemanovistas de glauberianas.
Numa apropriação de Konder (1999), onde o mesmo indaga sobre a possibilidade de “unir entretenimento à compreensão do sentido crítico dos bons filmes” (p. 79), isso numa tentativa de justificar a reprodução, inerente a obra de arte cinematográfica na perspectiva de Walter Benjamim, em sua obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica (1969)
. Logo, não seria de todo mal a perda da aura, e o cinema poderia ser uma arte que abriria “caminho para experiências protegidas e atualizadas pela consciência crítica”.
Glauber Rocha na produção do seu primeiro longa-metragem, Barravento (1962)
Há nas produções cinematográficas, algo muito mais forte que sua própria relação de troca com o período qual foi concebida, que é sua influência nos hábitos e costumes de quem a assiste. Podemos até nos confundir em alguns momentos em distinguir se a sociedade contemporânea foi criada pelo cinema ou se o cinema quem criou a sociedade contemporânea, se a História gera cinema ou o cinema gera história? Podemos perceber que o alcance da produção cinematográfica no último século pôde chegar eficientemente nos lugares mais inimagináveis para mostrar para seu público que existe um mundo contemporâneo, pronto para ser explorado e reproduzido. Acontece, no entanto, que o cinema é uma técnica de reprodução, e assim como as demais, reproduz um original. Seria então exaurido do cinema o seu valor de arte, ou ainda que seja mera ficção, o mesmo alimentou um sentimento que lhe conferiu uma licença poética?

Jorge Benjor e Toquinho