Então
vamos lá. Escrevendo aos estudantes, técnicos, professores, e
especialmente a cara Thays, que motiva-me a escrever tal relato.
Nos
últimos quatro anos e alguns meses, estou em Picos e desde então
posso abordar com propriedade de quem vive por aqui, algumas das
negligências e oportunismos aos quais somos expostos por aqui.
Em
2010, e sem me importar muito com o contexto político, a primeira
impressão da cidade foi a de caotismo; a segunda e posteriores não
foram diferentes: a poeira; os alagamentos de casas da periferia; o
esgoto à céu aberto; a falta de investimento em cultura que reflete
na falta de teatro, cinema, espaços de sociabilidades e
entretenimento; o trânsito caótico; a falta de pavimentação na
maior parte da cidade; o transporte público coletivo deteriorado e
de custo maior que todas as cidades do interior do nordeste e algumas
capitais; custo alto de vida pelo inchaço promovido pelo fluxo de
estudantes, refletindo na cesta básica e na moradia (especialmente
nos alugueis).
Em
2011, 2012 e 2013, a cidade de Picos, resolveu alguns de seus
problemas, minimamente, entre gritos e manifestações forçadas por
uma marcha nacional o último desses anos foi o mais propensos a
mudanças sociais, mas não houveram nenhuma delas. Em 2014 temos
muito o que fazer ainda, e especialmente pelo processo eleitoral
marginalizar todos os outros agravantes sociais que vivemos ano após
ano em Picos e no Brasil.
Enfiado
numa universidade do interior do nordeste brasileiro, estamos nós,
naturalizados picoenses, viemos de vários lugares, e é possível
que soframos tanto quanto, ou até menos que muitos outros
universitários do interior do Brasil. Na nossa universidade federal,
tudo parece maravilha. Nos último oito anos, com o processo de
expansão das universidades e a propulsão de outros setores da
educação e ciência, as pessoas andam maravilhadas falando das
maravilhas feitas pelos governos o que com certeza nenhum outro fez,
mas sem a consciência de que nós (humanos e especialmente
brasileiros) que ás tornamos possível.
Torno
essa fala presente, por que entre os prédios que foram inaugurados
em 2011 na UFPI de Picos, está a residencia universitária,
que está mais para um presídio com penas em “semifechado”
(vocês me entenderão no decorrer). Bem esse prédio que foi
inaugurado a três anos, só foi parcialmente ativado e aberto para
os estudantes do campus nos últimos cinco meses. Isto é,
parcialmente ativado e aberto, por que, laboratório de
informática, salas de TV, cozinhas, sala de estudos e
lavanderias, nunca
foram totalmente abertos.
A
nossa sala de estudos,
só foi aberta nas duas últimas semanas, depois de muita pressão
dos moradores, mas parcialmente, pois ainda não disponibilizaram
pontos de rede, nem
poltronas suficientes para a quantidade de moradores.
Nosso
laboratório de informática,
sedia um almoxarifado da universidade sem nenhuma autorização dos
moradores da casa ou coisa parecida, enquanto esses mesmos moradores
permanecem sem acesso livre a internet,
sem computadores, sem impressora, e nem sequer o espaço
disponibilizado para os residentes,
e quando tentam ir para o
pátio ou para algum centro acadêmico depois das 22:30hs para
acessarem internet, são coagidos a se retirarem pela segurança
patrimonial, que são coagidos pela direção do campus a agirem com
tamanha pressão, exceto quando se trata dos diretores do DCE, esses
são preferenciais, e podem ficar em suas salas 24 horas, sem nenhum
incômodo, afinal, são amigos da direção, e inclusive quem os
elegeram pela campanha que mobilizaram entre os estudantes, logo,
troca de favores.
Nossas
salas de TV, são
duas, uma delas está desativada, a outra está parcialmente
funcionando, afinal, enquanto a TV que foi tombada pelo
patrimônio como eletrodoméstico da residência
foi avariada, inclusive deslacrada (perdendo
a garantia de fábrica) antes mesmo da casa ser aberta aos
residentes. Temos no pátio uma
TV com as mesmas referências da que deveria vir para casa,
e uma sala de TV que não suporta dez moradores,
sendo disponibilizada para trinta.
O que nos leva a associar que a TV que se encontra no pátio é uma
suposta TV da segunda sala.
Enquanto tudo isso tramita, temos uma TV avariada, uma TV
desaparecida e nem sequer tombada pelo patrimônio, e moradores
atônitos.
Entre
as duas cozinhas, temos só uma
delas totalmente aberta, a outra, ainda falta nosso fogão,
supostamente avariado, segundo
fala de terceirizado que não identificaremos, e parte das
louças e paneleiras que ainda
não nos foi disponibilizada mesmo estando na casa, numa
suposta dispensa, a qual não temos controle de chaves.
Para
fechar com chaves ou sem chaves, temos ainda
as lavanderias,
são duas, com duas supostas máquinas de lavar
que nunca chegaram na residência, e nem sequer aparecem no
tombamento.
Solicitamos
extraoficialmente à direção do campus de Picos e PRAEC, que
apreciem nossas questões e nos enviem, e dessa vez não vão se
fazer de desentendidos e nos enviar um tombamento mal feito,
solicitamos
a descrição de todos os elementos adquiridos via licitação para a
residencia universitária de Picos.
A
direção do campus (queremos denunciar
publicamente), tem
assediado (ameaçando-os de
demissão e retaliações)
os terceirizados, entre eles seguranças
e pessoas do serviço geral,
para vigiar e fazer pressão entre
os residentes pela
desocupação dos espaços da universidade. Inclusive, expedem
diariamente relatórios produzidos a cerca de nossas movimentações
e particularidades, inclusive citando nomes, enviando-os à direção
e reitoria, segundo informação de um dos seguranças e
residente que inclusive viu alguns dos relatórios,
expondo-os
inclusive para nos amedrontar e pressionar psicologicamente.
À
direção e reitoria, só lamentamos por suas políticas de
recriminação e segregação não funcionarem, afinal, ocuparemos os
pátios, CA's e DCE, em todos os horários que acharmos pertinentes.
Se ocupamos esses espaços, fica muito evidente que a assistência
estudantil está falhando em sua função, que seria tornar
tranquila, confortável e completa a nossa assistência.
Enquanto
continuarmos sem laboratório de informática, e sem acesso
à internet, ocuparemos
outros espaços para termos acesso e condições
para a execução de nossas pesquisas, que dependem totalmente dos
mecanismos de rede para a aquisição de fontes digitais,
bibliografias e conexão com
outros pesquisadores.
Ou
seja, estamos descrevendo aqui esses problemas, para que todos que
tiverem acesso ao mesmo, sentirem um pouco na pele das disfunções
dos nossos gestores, pessoas que deveriam trabalhar para nós,
servidores público, mas que na verdade prestam mais um desserviço
para a comunidade acadêmica e quando o reflexo disso atinge toda a
comunidade picoense. E para
fechar, gostaria de saber o que essa direção e retoria vem fazendo
nos últimos anos e atualmente para melhorarem nosso campus e
especialmente nossa residência, por que temo, e isso é real, que
vocês nem sequer saibam do que estou falando.