sábado, 13 de setembro de 2014

saibam do que estou falando

Então vamos lá. Escrevendo aos estudantes, técnicos, professores, e especialmente a cara Thays, que motiva-me a escrever tal relato.
Nos últimos quatro anos e alguns meses, estou em Picos e desde então posso abordar com propriedade de quem vive por aqui, algumas das negligências e oportunismos aos quais somos expostos por aqui.
Em 2010, e sem me importar muito com o contexto político, a primeira impressão da cidade foi a de caotismo; a segunda e posteriores não foram diferentes: a poeira; os alagamentos de casas da periferia; o esgoto à céu aberto; a falta de investimento em cultura que reflete na falta de teatro, cinema, espaços de sociabilidades e entretenimento; o trânsito caótico; a falta de pavimentação na maior parte da cidade; o transporte público coletivo deteriorado e de custo maior que todas as cidades do interior do nordeste e algumas capitais; custo alto de vida pelo inchaço promovido pelo fluxo de estudantes, refletindo na cesta básica e na moradia (especialmente nos alugueis).
Em 2011, 2012 e 2013, a cidade de Picos, resolveu alguns de seus problemas, minimamente, entre gritos e manifestações forçadas por uma marcha nacional o último desses anos foi o mais propensos a mudanças sociais, mas não houveram nenhuma delas. Em 2014 temos muito o que fazer ainda, e especialmente pelo processo eleitoral marginalizar todos os outros agravantes sociais que vivemos ano após ano em Picos e no Brasil.
Enfiado numa universidade do interior do nordeste brasileiro, estamos nós, naturalizados picoenses, viemos de vários lugares, e é possível que soframos tanto quanto, ou até menos que muitos outros universitários do interior do Brasil. Na nossa universidade federal, tudo parece maravilha. Nos último oito anos, com o processo de expansão das universidades e a propulsão de outros setores da educação e ciência, as pessoas andam maravilhadas falando das maravilhas feitas pelos governos o que com certeza nenhum outro fez, mas sem a consciência de que nós (humanos e especialmente brasileiros) que ás tornamos possível.
Torno essa fala presente, por que entre os prédios que foram inaugurados em 2011 na UFPI de Picos, está a residencia universitária, que está mais para um presídio com penas em “semifechado” (vocês me entenderão no decorrer). Bem esse prédio que foi inaugurado a três anos, só foi parcialmente ativado e aberto para os estudantes do campus nos últimos cinco meses. Isto é, parcialmente ativado e aberto, por que, laboratório de informática, salas de TV, cozinhas, sala de estudos e lavanderias, nunca foram totalmente abertos.
A nossa sala de estudos, só foi aberta nas duas últimas semanas, depois de muita pressão dos moradores, mas parcialmente, pois ainda não disponibilizaram pontos de rede, nem poltronas suficientes para a quantidade de moradores.
Nosso laboratório de informática, sedia um almoxarifado da universidade sem nenhuma autorização dos moradores da casa ou coisa parecida, enquanto esses mesmos moradores permanecem sem acesso livre a internet, sem computadores, sem impressora, e nem sequer o espaço disponibilizado para os residentes, e quando tentam ir para o pátio ou para algum centro acadêmico depois das 22:30hs para acessarem internet, são coagidos a se retirarem pela segurança patrimonial, que são coagidos pela direção do campus a agirem com tamanha pressão, exceto quando se trata dos diretores do DCE, esses são preferenciais, e podem ficar em suas salas 24 horas, sem nenhum incômodo, afinal, são amigos da direção, e inclusive quem os elegeram pela campanha que mobilizaram entre os estudantes, logo, troca de favores.
Nossas salas de TV, são duas, uma delas está desativada, a outra está parcialmente funcionando, afinal, enquanto a TV que foi tombada pelo patrimônio como eletrodoméstico da residência foi avariada, inclusive deslacrada (perdendo a garantia de fábrica) antes mesmo da casa ser aberta aos residentes. Temos no pátio uma TV com as mesmas referências da que deveria vir para casa, e uma sala de TV que não suporta dez moradores, sendo disponibilizada para trinta. O que nos leva a associar que a TV que se encontra no pátio é uma suposta TV da segunda sala. Enquanto tudo isso tramita, temos uma TV avariada, uma TV desaparecida e nem sequer tombada pelo patrimônio, e moradores atônitos.
Entre as duas cozinhas, temos só uma delas totalmente aberta, a outra, ainda falta nosso fogão, supostamente avariado, segundo fala de terceirizado que não identificaremos, e parte das louças e paneleiras que ainda não nos foi disponibilizada mesmo estando na casa, numa suposta dispensa, a qual não temos controle de chaves.
Para fechar com chaves ou sem chaves, temos ainda as lavanderias, são duas, com duas supostas máquinas de lavar que nunca chegaram na residência, e nem sequer aparecem no tombamento.
Solicitamos extraoficialmente à direção do campus de Picos e PRAEC, que apreciem nossas questões e nos enviem, e dessa vez não vão se fazer de desentendidos e nos enviar um tombamento mal feito, solicitamos a descrição de todos os elementos adquiridos via licitação para a residencia universitária de Picos.
A direção do campus (queremos denunciar publicamente), tem assediado (ameaçando-os de demissão e retaliações) os terceirizados, entre eles seguranças e pessoas do serviço geral, para vigiar e fazer pressão entre os residentes pela desocupação dos espaços da universidade. Inclusive, expedem diariamente relatórios produzidos a cerca de nossas movimentações e particularidades, inclusive citando nomes, enviando-os à direção e reitoria, segundo informação de um dos seguranças e residente que inclusive viu alguns dos relatórios, expondo-os inclusive para nos amedrontar e pressionar psicologicamente.
À direção e reitoria, só lamentamos por suas políticas de recriminação e segregação não funcionarem, afinal, ocuparemos os pátios, CA's e DCE, em todos os horários que acharmos pertinentes. Se ocupamos esses espaços, fica muito evidente que a assistência estudantil está falhando em sua função, que seria tornar tranquila, confortável e completa a nossa assistência.
Enquanto continuarmos sem laboratório de informática, e sem acesso à internet, ocuparemos outros espaços para termos acesso e condições para a execução de nossas pesquisas, que dependem totalmente dos mecanismos de rede para a aquisição de fontes digitais, bibliografias e conexão com outros pesquisadores.
Ou seja, estamos descrevendo aqui esses problemas, para que todos que tiverem acesso ao mesmo, sentirem um pouco na pele das disfunções dos nossos gestores, pessoas que deveriam trabalhar para nós, servidores público, mas que na verdade prestam mais um desserviço para a comunidade acadêmica e quando o reflexo disso atinge toda a comunidade picoense. E para fechar, gostaria de saber o que essa direção e retoria vem fazendo nos últimos anos e atualmente para melhorarem nosso campus e especialmente nossa residência, por que temo, e isso é real, que vocês nem sequer saibam do que estou falando.