Essa é a grande falha
das escolas, faculdades, universidades e cursos do Brasil. Os professores e
gestores são seus principais mentores, eles quem legitimam esse estado de
calamidade das salas de aula do Brasil, afinal, compõem seus conselhos e
entidades burocráticas.
Para quem não sabe, no
Brasil, as aulas nas escolas e universidades são obrigatórias, garantido nas
normas de cursos e na LDB. Mas o que nem todos sabem, é que essas aulas são
cargas horárias extensas, simplesmente para mostrar números e títulos aos
correspondentes oficiais.
Na grande maioria das
escolas e universidades brasileiras, as aulas são medíocres, assim como os
docentes, que além de terem uma carga horária extensa, de trinta a sessenta horas
nas melhores das condições, e que, portanto, não tem condições, físicas nem
mentais para construírem uma aula para seus supostos discentes, pelo contrário,
reproduzem os seus cadernos de ideias e sugestões ideológicas e conciliatórias
com o processo de ensino aprendizagem.
Acontece, que além de
cobrarem a obrigatoriedade de algo que nem eles mesmos conseguem cumprir, os
professores jogam a responsabilidade das aulas obrigatórias nas costas dos
estudantes, quando esses nem são avaliados por isso, logo, mesmo que um
estudante participe de aulas obrigatórias, essa participação não será
contabilizada na avaliação, já que o mestre
para isso terá que cobrar um número X
de avaliações, também obrigatórias, e delas e somente delas irão abstrair uma
avaliação dos discentes observados.
Mas o que é de verdade
o ponto culminante das aulas medíocres dos professores medíocres, e chamo de
medíocres todos os professores que percebem o quão são incipientes suas aulas,
mas ainda assim concordam em permanecer legitimando esse sistema de aulas
obrigatórias e avaliações autoritárias e injustas aos seus discentes, é o fato
dessas mesmas aulas tornarem a cada dia os estudantes mais ignorantes.
Sim. Nós perdemos em
média, vinte horas em aulas obrigatórias por semana, o que daria mais de
trezentas aulas obrigatórias por semestre, além de uma média de quinze
avaliações obrigatórias, e umas cinquenta bibliografias para leituras, durante
esse mesmo período. Sem essas trezentas aulas obrigatórias, seria mais fácil
para conduzirmos nossas leituras e produzirmos o que os crápulas dos professores, chamam de avaliação, mas que na verdade é
uma grande máquina de castigar aqueles que não conciliam com as práticas dos
professores carniceiros, que nem ao menos leem nossas avaliações.
O que chamo atenção, é
que em média os estudantes de graduação tenham uma carga de mais de três mil
horas de aulas por curso, e levando em consideração o objetivo destas aulas,
estes estudantes de fato só conseguem estudar fora das classes, ou com elas
vazias, mas nos últimos dez anos com as expansões da educação superior no
Brasil, isto é, colocando cada vez mais estudantes nas salas de aula e isto
tudo para conseguir financiamentos internacionais para a educação, quando o
objetivo nem são os estudantes ou profissionais da educação, mas simplesmente o
abastecimento das malhas corruptíveis do sistema educacional do Brasil. E fica
cada vez mais difícil conseguir estudar numa universidade no Brasil, e olha que
mesmo com a expansão não conseguiram aumentar os nossos acervos nem nossas
salas de aulas na mesma proporção. E ainda ouvimos por aí que nossas
universidades não são públicas. Ou me desculpe senhores gestores, mais todos
vocês estão no crivo público, e não são inquestionáveis, são servidores
públicos, e devem responder como tal.
As aulas obrigatórias
geram um sentimento de estranheza entre os presentes, que só estão de corpo
presente, e para cumprir a lógica da presença, o que alguns professores flexíveis, não cobram, mas no geral os
estatutos e normas de curso exigem, como uma ordem de cima para baixo. Mas
esses mesmos estudantes de corpo presente, por não terem um compromisso com a
construção da aula, não se identificam com as falas dos professores, e não dão
a mínima para esses medíocres, e
assim permanecem em seus assentos, quietos, nas melhores das situações, outrora
saem e entram, e clicam em seus celulares, atendem e enviam torpedo, além das
conversas paralelas e as mais diversas situações que possamos imaginar em um
circo ou parque de diversões, mas o que menos parece esses encontros são aulas para
auxiliarem os nossos estudos.
O que não é
compreensível é a tentativa oportunista dos professores de manter essa grande farsa,
que pelo contrário, só desanima e diminui nossos estímulos para estudar, nos omite
a autonomia para decidir por momentos de estudo, e acima de tudo, bestializa as
classes, criando um método que se reproduz nas salas e tornam os estudantes do
ensino médio à pós-graduação, cada vez menos ciente de suas potencialidades e
possibilidades para explorar os campos dos saberes.
Todo o sistema está
corrompido, os professores faltam, os alunos faltam, os gestores não se
incomodam, e todos corroboram, inclusive os estudantes, para a legitimação e
reprodução desse status dos
professores medíocres e dos discentes pedintes,
miseráveis de autonomia e discernimento crítico. Não sabemos de fato por que
motivo os professores ainda continuam reproduzindo esse processo torturante,
mas o que podemos perceber é que os que são alimentados diretamente por esse
sistema de marginalização da classe discente, são os docentes e gestores,
majoritários nos conselhos nacionais de educação, universitários, escolares, e
que ditam a bola da vez, e assim
continuam reclamando de suas aposentadorias.
Robson Ferraz
Estudante do curso de
Licenciatura em História da UFPI/Picos