quinta-feira, 6 de maio de 2010



As crianças e adolescentes que vivem nas milhares de carvoarias espalhadas pela imensidão do Cerrado e Sertão brasileiro, se enquadram naquilo que o UNICEF chama de “circunstâncias especialmente difíceis”. Suas condições de moradia, higiene, nutrição, vestuário são precaríssimas; os serviços de saúde, educação, transporte, simplesmente não existem nas carvoarias, já que elas estão localizadas em áreas longínquas no meio rural. Sua carência material é absoluta : falta roupa, sapato, comida, brinquedo, lazer, alegrias, festas ou qualquer forma de celebração da vida. O isolamento social e o envolvimento precoce no trabalho com os pais afetam negativamente o seu desenvolvimento físico e psico-social.

Carvoarias e exploração infantil no Brasil, gera discussões


(Foto: Marcos Prado)
Sofrer é compreender. A tarefa do sofrimento para os gregos implicava na perspectiva trágica, o reconhecimento dos homens de terem ultrapassado a medida pela falta de prudência com os imortais. No entanto, para os que reconhecem a injustiça, a violência, a exploração da força de trabalho, compreender é sofrer. A memória do trabalho inscrita nos corpos de crianças e adolescentes no Brasil evidencia a falta de compromisso e de respeito dos governantes para com a Declaração dos Direitos Humanos que recentemente comemorou seus 61 anos. Nesse palco de exploração humana a cortina é de fumaça e nas chagas do corpo social presenciamos uma dor que se tornou estrutural : o trabalho infantil degradante.