quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Uma nota ao óbvio destino do guerreiro da arte.

Como pode se vê, continuo aqui em Salvador.
Apesar do cansaço e corre-corre diário, uma angústia recheada de raiva e revolta toma conta de mim diante do que tem ocorrido com esta vida dúbia que levo aí em Conquista, principalmente, se tratando das pessoas que “conheço”, de um pacto de “lealdade” travado, de uma visão equivocada da arte, de um mundo “pão com ovo” que algumas sempre terão e acostumaram com ele. Mas isso não vem ao caso.
Qual será o papel da arte e sonho na vida de cada um de vocês? Até que ponto o teatro pôde mudá-los, conscientizá-los ou melhorá-los para viver nesse mundo merda o qual engolimos todos os dias diante do Big Brother Brasil ou coisa parecida? Até que ponto, estamos só reproduzindo o que querem por nós? Até que ponto, sei o que estou fazendo com a minha vida e o que quero dela? Até que ponto, sou hipócrita, cruel, mesquinho e preguiçoso quando só vejo essas preciosidades em outrem?

Cada vez mais fico decepcionado com a atitude de alguns membros do grupo. Percebo que acabo “viajando” sozinho nesta história de teatro, criar um espaço para a descoberta dos valores, blá, blá, blá e questionar, interminavelmente, esta realidade equivocada que vivemos, patati, patatá, com um campo de trabalho artístico limitado e destinado àqueles que assumem o que querem e são.
Teatro é algo muito sério que talvez a maturidade de alguns ainda não absorva. Mas o que fazer, haverá sempre frutos pecos no meio da colheita...

Pra mim, o teatro continua me ensinando na marra, com cargas fortes, além da minha resistência. É um misto de dor e prazer que me transforma num guerreiro da arte, aquele do texto que recebe uma espada aos 10 anos de idade e insiste em levantá-la, apesar dos ferimentos que ela causa. Saber lidar com os nossos problemas, nossa dores, sinas e sofrimentos faz de cada um vencedor, enquanto deixar que eles nos absorvam e dominem as rédeas das nossas vidas, torna-nos perdedores e covardes.
Nunca serei acomodado. O meu sangue ferve e a vida me chama com seus olhos de fogo.
A luta me espera e como guerreiro que sou, não posso fugir ao que fui predestinado.
Porém, não quero ser um mártir de uma causa fracassada e de poucos.
Não quero alimentar quimeras perdidas ou ilusórias.
Tenho que rever as minhas prioridades, valores e metas.

Não suporto mais esta situação que nunca se define, pareço uma peteca que vai para onde querem. Não quero ser melodramático ou coisa parecida, serei prático e racional.
O que posso fazer o tenho feito.
E você, o que poderia ter feito?

Fiquei preso aqui semana passada por incompetência e falta de trabalho de grupo.
Não sou rico e tampouco sócio da Telemar. Não tenho dinheiro, pois a UESB não tem me pago e não tenho outro emprego, pois decidi estudar.
Mas um pouco de consideração o grupo poderia ter tido, afinal, vocês se diziam amigos de todos, leais a vocês mesmos e ao ideal teatral, bufa, peido e merda.
Reconhecimento, não exijo, tenho exemplos recentes de ingratidão e punhaladas pelas costas de Brutus audazes e oportunistas. Afinal, estamos falando com artistas que cada vez mais mostram seu crescimento e valor($) para a cultura conquistense, cultura esta, repleta de profissionais das artes altamente preparados e capacitados pelos grandes e inúmeros cursos e oficinas que nossa cidade dispõem. E talvez nem os atores da Commedia dell”arte tinham tantas exigências nos seus contratos trabalhistas de prostitutos da arte, bobos da corte, Judas, Creontes, Medéias ou qualquer coisa parecida.

Acredito muito na lei de causa e efeito que rege a natureza dos fatos e ações. Qualquer pessoa mística crer na energia positiva de retorno e sustentação, ou no prana que respiramos, e da sina que escrevemos no acaso do destino. Acredito em trabalho conjunto. Acredito muito em mim e no meu potencial, por isso que estou aqui.

Se vocês se mobilizarem e mandarem a passagem eu irei para termos uma conversa definitiva, pois detesto perder meu tempo com coisas vãs e injustificáveis.
Quando eu puxo a corda, puxo de vez... Sempre disse.

De qualquer forma se organizem e divulguem a audição nos colégios que será nos dias 29,30 e 31 deste mês.
Vão sem panfletos, sem papel, sem nada. Artista de verdade não depende de nada ou ninguém. Ou se nasce ou se cria quando não, aborta, ilude-se ou estanca. Faça isto por vocês. Aproveite bastante este trabalho. Exerçam seu ofício!
Um novo grupo virá, novos rostos e corpos aparecerão, a arte nunca vai parar e como a vida, o teatro e o show nunca acabam apenas muda de cenário, figurino e cavalos.
A colheita far-se-á nova!
Uma nova era se aproxima.

MB



“Se não houve frutos, valeu a intenção da semente”.
“Tudo na vida passa, só não, motorista e passageiro.”
“Pau que nasce torto nunca se endireita.”.
“Quando o rato sai de casa, o gato toma conta.” “A vida é feita de escolhas, aceite ou foda-se!”.
“Não me macem, eu quero ficar sozinho.” “Quem tem unha maior, que suba na parede.”.
“Aqueles que são mornos, nem frios e nem quentes, serão vomitados pela boca de Deus.”
“Se a sua estrela não brilha não procure apagar a minha.”
“Que amigos tenho tido, que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido. Renego, renego tudo.”
“Mas vale um pássaro na mão que dois voando.” “O Sol nasce para todos.” Amém, assim seja.



Salvador, 12 de março de 2002, às 12:54 da noite, terça-feira, calor insuportável que ferve como o que penso... dispenso... esclareço... mereço... reconheço... preço... começo!

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