segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Mimese

Na última sexta-feira, na UFPI, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, aconteceu o estopim para um grande desastre. Ora, percebemos que vem se intensificando a cada mês, medidas arbitrárias, que ferem a nossa autonomia, e digo isso, pelas situações que o Conselho de Campus, vem nos proporcionando.

Primeiro, fora eleita uma diretora que acreditávamos ter o mínimo de senso democrático, o que tem se mostrado cada vez menos verdade. Depois, eleitos os conselheiros, e ainda que não confiássemos em todos, acreditávamos que, ao menos esse conselho nos representaria em sua estância máxima, para garantir o direito a permanência, produção de projetos de pesquisa e extensão, e medidas que democratizassem ainda mais esse campus, que sei que muitos não sabem, mas é comunitário, e essa comunidade externa tem por direito o acesso livre e irrestrito a esse campus.
Mas o que observamos não é bem isso. Primeiro, observamos a diretora juntamente com seus conselheiros, baixarem uma portaria, que restringe o acesso de toda a comunidade, isto é, durante a semana após as 22:30, e nos sábados parcialmente, e nos domingos o campus permanece fechado.

O mais interessante, é que esse mesmo conselho, na última semana, tirou da cartola, uma nova portaria, e essa agora, restringe nosso acesso ao acervo da Biblioteca Comunitária, isso mesmo, como se já não fosse uma vergonha para o campus a biblioteca não abrir aos fins de semana, agora tem uma placa na porta do acervo interno que só permite a entrada na biblioteca de Bolsistas (sabe-se lá o que quer dizer), Funcionários e Professores com autorização. Bem, e isso sem nenhuma discussão ou debate. Afinal, esse campus é ou não comunitário, e se for, como poderão os membros dessa comunidade ter acesso a qual quer documento da biblioteca, se esses membros ao menos são reconhecidos no nosso campus, que restringe o conceito de comunidade ao de comunidade acadêmica.

Bem, o que observamos nesse campus é o autoritarismo insurgente, que ignora as funções político-sociais da universidade e assume uma postura que mesmo com a democratização do país há quase trinta anos, sabemos que tais posturas são genuinamente ditatoriais.

Para uma breve reflexão, observemos. No CSHNB há mais de três mil estudantes, isso, sem presunção a exatidões, e digamos que 1/10 desses discentes trabalhem durante o dia e, portanto, só tenham disponibilidade para estudar durante a noite (horário de aulas), ou na madrugada e nos fins de semana, horário que a UFPI fecha, e isso é local, só vale para o nosso campus. Bem, esses jovens que não tem acesso à internet, ou a bibliotecas públicas, são diretamente excluídos do projeto de permanência da UFPI, que prevê não só a garantia à entrada na universidade, o que é muito fácil, mas a total permanência.

Para os que são descrentes e pensam que nada pode resolver o problema do nosso campus, eu diria que enquanto permanecermos aceitando as decisões do conselho sem nenhum embate ou discussão, ele permanecerá podando ainda mais os estudantes.

E onde estão nossos representantes estudantis? Penso que para esses não há restrições, as portão estão todas abertas, e por isso mesmo que esses mesmos representantes estão agora calados, trancados em suas salas de CAs e DCE, sem nenhuma restrição, afinal, para esses que nos representam, as autorizações para entrada são menos burocráticas, faz parte do jogo do favoritismo, muito comum no nosso campus, desde que nosso reitor e diretora foram eleitos, ou vocês leitores podem não saber, mas os professores que mais apoiaram nossos eleitos, ou já se mandaram para outro campus, ou estão aguardando ansiosos para partirem assim que tiverem a primeira oportunidade.

Bem, esperamos que o campus abra, e que não seja necessária a ocupação, afinal a universidade é pública ou privada, e o que somos afinal, cientistas ou comerciantes, só para entendermos as restrições de horários. E sobre a biblioteca, por que impedir o acesso ao acervo? E por que não o contrário, e essa mesma biblioteca ser aberta nos mesmos horários que a Biblioteca Central de Teresina. Afinal, o favoritismo também inclui a escala dos funcionários de Picos à Teresina, ou simplesmente os que trabalham no nosso campus?

Eis as perguntas sem respostas, que permanecerão até o dia do juízo.