A sessão ordinária da Câmara Municipal de Picos realizada nesta-quinta-feira, 22 de novembro, foi marcada por protestos, acusações e bastante tumulto. Um dos motivos foi o projeto de lei de autoria do vereador Diógenes Medeiros – PPS sobre a meia-entrada estudantil.
Estudantes
de escolas públicas e particulares, do ensino fundamental, médio e
superior das instituições com sede no município de Picos, se mobilizaram
e realizaram uma manifestação contra o projeto de lei do vereador que
determina o fim da cobrança de meia-entrada para estudantes em eventos
como o Picos Fest e com artistas e bandas de nível nacional.
Segundo
Diógenes Medeiros o motivo para a criação do projeto foram
falsificações de carteiras estudantis por parte de pessoas que não eram
estudantes,com o intuito de tirarem proveito e com isso tivessem acesso
ao Picos Fest por metade do preço. “É uma emenda de lei que apresentei
especificando dois eventos que haveria a meia entrada da carteira
estudantil, porque nós recebemos uma denuncia na época do Picos Fest,
que estavam sendo falsificadas mais de 500 carteiras para pessoas que
não eram alunas se beneficiarem desse evento. Não sou o promotor desse
evento, não recebo custos financeiros desse evento. Apresentei esta
emenda especificando o Picos Fest e festas com artistas e bandas a nível
nacional”, ressalta.
Para
o representante da UNES – União dos Estudantes do Ensino Superior,
Washington Torres, o vereador Diógenes Medeiros, pretende com o projeto,
eliminar uma conquista da classe estudantil. “Ele quer acabar com a
meia entrada estudantil em eventos realizados na cidade de Picos para
beneficiar os promotores de grandes eventos no município e para se
beneficiar ele tirou a meia entrada dos carnavais fora de época e
micaretas e ainda fez terrorismo psicológico com os estudantes, dizendo
que ia acabar tudo se não tirasse a meia entrada estudantil”, acusa.
O
projeto que seria colocado na pauta de votação durante a sessão desta
quinta-feira, 22, foi retirado pelo parlamentar após conversa com
estudantes que integram o Diretório Central dos Estudantes da
Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Universidade Estadual do Piauí
(UESPI), que aconteceu antes do início da sessão. “Conversei com os
presidentes dos DCE’s das universidades federal e estadual e
decidimos que precisamos amadurecer o projeto)”. Disse Diógenes.
O
coordenador de formação política do DCE 20 de junho da UFPI, Maurício
Martins, disse que a comunidade estudantil entende que o projeto lesaria
o direito dos estudantes e decidiu formar uma equipe para conversar com
Diógenes Medeiros e expor os motivos do descontentamento. “Montamos uma
comissão para falar com o vereador, que nos recebeu um pouco antes da
sessão, apresentamos para ele nossas ponderações, e ele de maneira muito
aberta discutiu as ideias conosco e achou por bem retirar o projeto da
pauta de hoje da sessão da Câmara”, comenta.
Washington
Torres demonstrou sua insatisfação com os representantes dos DCE’s da
UFPI e UESPI, que tiveram uma conversa com o vereador Diógenes,
convencendo o parlamentar a retirar o projeto de votação da sessão desta
quinta-feira. “Chega uma galera que não participou de nada, faz um
conchave com Diógenes lá dentro, para em uma atitude vingativa
transferir a expedição das carteiras para o DCE da Federal (UFPI)”,
destaca.
Troca de acusações
A
sessão da Câmara foi interrompida devido ao barulho de estudantes
presentes no Plenário do legislativo e que protestavam constantemente no
momento do pronunciamento do vereador Diógenes. Após alguns minutos de
paralisação a sessão foi retomada e Diógenes Medeiros acusou Washington
Torres de distorcer o objetivo do projeto de lei. “Washington, que está
ai perpetuando no poder por mais de 30 anos, jogou uma nota nas redes
sociais dizendo que eu queria acabar com a meia entrada estudantil, e
isso é uma inverdade. Vou propor aqui aos alunos que descentralizem este
poder e tire esse poder deste cidadão. Eu não estou propondo o fim da
meia entrada estudantil nos eventos culturais, em cinemas, em passagens
de ônibus e nem em estádios municipais”, afirma.
Washington
disse que Diogenes aproveitou o fim do período letivo para que o seu
projeto fosse aprovado. "Ele foi muito esperto em colocar o projeto
para votação em um período em que os estudantes estavam nas provas
finais, mas mesmo assim estamos aqui presentes. Se ele colocar este
projeto para o começo do próximo ano estaremos aqui novamente, não vamos
deixar ele usar a mídia para insinuar que há “derrame” de carteiras
falsas. Se for pra apertar, vamos acionar o Ministério Público e
processá-lo e vamos fazer a coisa valer. Podemos processá-lo por
denúncia caluniosa”, enfatiza.