quarta-feira, 5 de maio de 2010

Conceito

Ecovila é um modelo de assentamento humano sustentável. São comunidades urbanas ou rurais de pessoas que tem a intenção de integrar uma vida social harmônica a um estilo de vida sustentável. Para alcançar este objetivo, as ecovilas incluem em sua organização muitas práticas como:

Produção local e orgânica de alimentos;
Utilização de sistemas de energias renováveis;
Utilização de material de baixo impacto ambiental nas construções (bioconstrução ou Arquitetura sustentável);
Criação de esquemas de apoio social e familiar;
Diversidade cultural e espiritual;
Governança circular e empoderamento mutuo, incluindo experiência com novos processos de tomada de decisão e consenso;
Economia solidária, cooperativismo e rede de trocas;
Educação transdisciplinar e holística;
Sistema de Saúde integral e preventivo;
Preservação e manejo de ecossistemas locais;
Comunicação e ativismo global e local.


Governança circular, empoderamento e decisões por consenso

Como em toda sociedade, as ecovilas também tem uma organização política e social. Os acordos de convivencia, as habilidades de comunicação, partilhas emocionais, feedbacks, mediação de conflitos, e o fortalecimento da visão comum são pontos cruciais para a determinação do bom convívio. As decisões em geral são feitas por algum sistema de consenso ou através de conselhos. Há também uma forte tendencia para o empoderamento, ou seja, compartilhar poder e responsabilidades.

Água

Fonte de vida, a água e seu ciclo são essencias para a manutenção dos ecossistemas e do ser humano.

A falta de cuidado com a água em quase todas cidades do Brasil e no mundo é alarmante. Mas as soluções já estão ai. Para que as cidades sejam de fato sustentáveis, é preciso que haja uma ampla educação e conscientização, e a descentralização nos sistemas de tratamento de águas. As soluções em pequena escala são muito importantes. Em muitas regiões, é um recurso bastante escasso, e nesses casos, é essencial captar água da chuva e armazená-la em cisternas.

Para bombear a água para locais mais altos pode-se utilizar bombas manuais de PVC [2], construídas manualmente a baixo custo, ou então por meio do carneiro hidráulico, que aproveita a energia do próprio curso d'água [3]. Esta água pode ser armazenada em cisternas de ferrocimento[4].

Toda água adquirida de chuvas pode ser filtrada por meio de biofiltros hidropônicos de aguapé, carvão, areia e brita. Ou então por meio de leitos filtrantes com areia e taboa ou lirio do mato. A água utilizada em alimentos e no banho pode ser encanada e filtrada da mesma forma que a água da chuva com estes filtros. Para consumo, podem ser utilizados filtros de barro, que são adquiridos facilmente e são muito baratos.

Tratamento de rejeitos

Uma forma inteligente de tratar dejetos é utilizar o banheiro seco. Não gasta água e não produz esgoto. O sol, o tempo e as minhocas fazem o trabalho de transformar matéria orgânica em fertilizante. O interior pode ser igual ao de um banheiro comum, mas em vez de água na descarga, serragem. [5]


Outra alternativa são os biodigestores, que geram um fertilizante líquido que pode ser utilizado na irrigação da lavoura da ecovila. O biogás produzido com dejetos humanos não é muito expressivo, mas pode complementar outras fontes de combustível.

O lixo passa pela coleta seletiva, e sempre que possível é reciclado ou transportado para centros de reciclagem. Todo lixo orgânico gerado ainda pode ser utilizado como adubo para as hortas. As águas cinzas (pia, ducha, da limpeza de roupas, etc.) podem ser tratadas num sistema de tanques com filtros e plantas aquáticas, que purificam a água, graças às bactérias que vivem em suas raízes. Veja no site o Ipema para mais detalhes.

Energia

A energia elétrica pode ser gerada localmente por painéis solares, geradores eólicos, moinho de água, biogás, ou outras fontes.

Os custos são compensados a longo prazo, com a economia gerada e com a venda da energia excedente para a rede pública de energia elétrica, que atualmente é vendida a preço mais alto do que a comprada.

Existe atualmente uma infinidade de tecnologias ecológicas de captação e uso de energia, e muitas ainda a serem desenvolvidas.

Bioconstrução

A indústria do setor de construção é uma das que mais poluem e destroem o ambiente.

Existe hoje uma infinidade de conhecimentos em bioconstrução, que além de utilizar materiais ecológicos, resolve uma grande quantidade de problemas nas moradias, principalmente ao que se refere à economia de energia e bem estar. A posição solar, a arquitetura que otimiza a luz natural, ventilação, aquecimento e resfriamento passivo, enfim, há várias formas de se otimizar a economia energética e o bem estar.

Algumas opções de materiais são: tijolos-ecológicos, feitos de barro prensado, contruções com cob, fardos de palha e barro (excelentes para o isolamento térmico), pau-a-pique, taipa de pilão, etc.

Para o telhado, uma boa alternativa é o chamado telhado verde, que possui grande poder de isolamento térmico no inverno e arrefecimento por evapo-transpiração das plantas no verão, diminuindo sensivelmente os gastos com energia para aquecimento e resfriamento dos ambientes. As águas cinzas podem ser aproveitadas para irrigar o telhado verde.

Economia solidária e consumo consciente

A sustentabilidade econômica de uma comunidade se fortalece na medida em que as trocas se tornam cada vez mais locais, com a criação de uma rede de colaboração e trocas, uma moeda social, pequenos negocios e incentivos locais.

O consumo hoje é a medida do sucesso pessoal na sociedade moderna. Entretanto nem sempre este esta associado a qualidade de vida e a felicidade, e sim, muitas vezes, a deterioração das comunidades e dos ecossistemas. Além disto, estamos hoje presos a um sistema onde somos obrigados a trabalhar, sem tempo livre, para poder consumir produtos que não correspondem as nossas necessidades, e de seguir modelos de sucesso e imagem criados pela midia.

Estarmos conscientes de como participamos da estrutura socio-economica mundial, geradora de concentração de renda, pobreza, violência, doenças e ignorancia, é o primeiro passo para mudarmos o sistema, e deixarmos de ser "vitimas". O segundo é a escolha do que e quanto consumir.

A organização do trabalho dentro da comunidade depende dos conhecimentos e habilidades dos seus integrantes. Em muitas ecovilas tem sido prezada a auto-suficiência em materiais, alimentos e serviços. Em outras, há um forte trabalho com o setor público, visitantes, trabalhos com a comunidade dos arredores, cursos, projetos, festivais e todo tipo de atividades que tragam algum retorno à comunidade e beneficie o máximo de pessoas.